quarta-feira, 1 de junho de 2011

Passeios

Ele disse que sim, que podia ser. Aceitou o pedido entre parênteses.
Iam-se procurando os dois em palavras, daquelas que provocam calafrios e os deixam em permanente estado de loucura. Não lhe tinha dito adeus, porque a perspicácia dizia-lhe que ainda lhe podia dizer olá... Em letras pequenas.
Estava a passear na praia, porque lhe faz falta a proximidade com o mar durante o ano inteiro, olhou para o fundo e ele estava ali, sentado no areal, a fumar o seu cigarro e a absorver as boas vibes daquele lugar tão seu. Levantou-se e dirigiu-se ao parque de estacionamento.
Passou por ele, olhou, sorriu. Seguiu em frente. Ele sorriu de volta e ficou a fotografá-la com o olhar. Os cabelos escuros a roçar os ombros. A pele morena, aquele tom de mel, mesmo antes de começar o verão intenso. E ficou agarrado àquele gesto: a mão que passou ao de leve no cabelo, como quem o vai apanhar com um elástico mas se arrepende ao último segundo. Ficou ali preso. A chave na mão, não abriu o carro nem lhe acenou. Foram meros segundos, se lhe perguntassem diria que que tinham sido horas. Aquele maldito gesto. Que provocação, pensou.
Ela olhou para trás e sorriu. Sorriso malandro de quem sabe o que acabou de fazer. Ele pensou, Cabra, mas sorriu. Sorriu-lhe, foi um adeus. E um até à próxima.
Que desejo tenho de ti, pensou ela a morder o lábio inferior.

1 comentário: